Entrevista com Tecidista: Mauro Yukio Shiroma

Nome: Mauro Yukio Shiroma
Idade: 37
Cidade: Corumbá/MS
Aonde treina/dá aulas: Espaço Vivart 

1 – Com quantos anos você começou a praticar aéreos e o que te levou a buscar essa modalidade?

O meu primeiro contato com o tecido acrobático foi há 13 anos atrás (2011) em um projeto de atividades circenses na faculdade. Lembro de estar sentado na arquibancada enquanto o projeto acontecia. O Professor me chamou para participar e eu fui como um curioso, pois aquilo tudo me chamou muito a atenção.

2 – O que a prática dos aéreos significa para você?

A prática dessa modalidade é um mix de tudo. Como atividade física, explora e trabalha o corpo de uma geral: força, resistência, flexibilidade, memória, coordenação motora, auto-estima e entre outros. Podendo também explorar o lado artístico e as emoções: musicalidade, expressar os sentimentos, superar o limite do corpo e os medos.

3 – Como foi seu início como professor?

Comecei a me dedicar e dar aula de tecido acrobático só em 2017. A didática e metodologia foram criadas conforme as minhas vivências que tive no projeto e nas viagens (convenções). Adquiri alguns livros e procurava alguns vídeos no YouTube. E conforme fui ganhando experiência e maturidade, a minha postura e as aulas foram sendo adaptadas para a minha realidade.

4 – Qual seu maior desafio como professor? E do que sente mais orgulho?

Acredito que o meu maior desafio como professor é a “autoconfiança”. É como se você precisasse de uma dose diária de “incentivo” para não desistir do seu trabalho e dos seus alunos. Por mais que você saiba do seu potencial, da sua capacidade, do tempo que dedicou e investiu nos cursos e treinos, bate aquele pensamento: será que estou fazendo a coisa “certa”.
Aí vem aquele momento de realizações e orgulho. Quando no meio dessa turbulência de emoção você consegue enxergar toda a sua trajetória e de como foi sofrido e trabalhoso. Que vale a pena, pois seus alunos estão evoluindo, se transformando e se sentindo acolhidos.

5 – Como é praticar aéreos sendo homem? Quais são os desafios?

Acredito que o meu desafio foi saber-me “expressar ” dentro do meu processo artístico e pessoal. Acredito que tem haver com a minha geração e a forma como eu fui criado. Sabe aquela pergunta que bate “o que vão pensar de você?”. Só para ter uma ideia, a primeira vez que pediram para fazer ponta de pé fiquei com vergonha. Era e ainda é uma modalidade praticada por mulheres, tem a questão do feminino, da vestimenta e da dança. Sei que tenho muito a percorrer, mas busco compreender melhor todas essas questões e até me sinto confortável de expressar, independente do feminino e da plasticidade. Posso utilizar esse processo artístico e expressar os meus sentimentos em uma performance mais clássica e alinhada, um palhaço descoordenado, um movimento mais truncado e com os pés flex.

6 – E o que você vê como dificuldade sendo um homem professor?

O meu público é 100% feminino, então a minha preocupação é se minha postura e conduta estão sendo corretas. Fico pensando em relação ao corpo e ao contato físico. Tento mostrar segurança e conforto para não se sentirem invadidas. Como uma figura de Professor homem fico pensando também se estou cometendo algum deslize (sendo machista), por mais que eu busque ser “desconstruído” e “atualizado”.
Outro detalhe é sobre a minha vestimenta. Eu já superei essa questão de vestir roupa colada ou calça legging. Aí veio uma questão: durante a aula, já passei pelo processo de “naturalizar” o uso da legging sem o short por cima. Aí veio o momento que eu me senti “desconfortável” (não sei se é palavra certa). Por estar como foco principal com as alunas, fiquei pensativo: será que é certo eu ficar de legging e o meu corpo estar em “evidência” e então hoje eu voltei a usar em aula o short por cima da legging. Aí eu fico pensando também nessa minha aluna que com certeza deve se sentir assim: o corpo dela em “evidência” com Professor homem. Como tornar esse ambiente saudável, seguro e profissional.

7 – Que conselho você daria para alguém que quer começar a praticar ou para quem está nas primeiras aulas?

Quando você se perguntar: será que eu consigo fazer isso? Eu te respondo: TENTE E NÃO PERCA TEMPO! Quem pensa demais não sai do lugar, vai ficar sempre naquela dúvida. Por que depois que você tentar, vai se encantar. E quando começar, não será tão fácil. Os aéreos é um caso de amor e ódio, tem dias que sairá da aula realizada e que tudo deu certo, mas terá dias que foi uma tragédia. Dê tempo ao tempo, não esqueça dos processos, a preparação física também é importante. Você pode se expressar livremente, quem sabe seguir o lado artístico. E também não tem problema se desistir, você pode dar um tempo, voltar se quiser ou seguir outro caminho.

8 – Algo mais que gostaria de acrescentar?
Para que eu nunca esqueça:
Que aquela dose de incentivo diário seja infinita! Busque inspirações, não desista, veja exemplos de pessoas que possa se espelhar, para continuar treinando e dando aula. Você faz um trabalho incrível e também é um exemplo de inspiração para seus familiares, amigos e alunos. Pode se orgulhar disso.


Se quiser acompanhar os voos do Mauro, siga sua página no Instagram @mauroyukioshiroma e @vivartcorumba

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